quarta-feira, 9 de novembro de 2011

1º Retrato

A primeira publicação deste blogue é um excerto do poema The Garden of Proserpine de Swinburne que é citado no livro Martin Eden por Jack London que li durante o Verão. Esta citação surgiu-me há uns dias atrás quando estive a discutir com uns colegas se, eventualmente fosse possível, embarcaria na ideia de viver eternamente. Posso confessar-vos que a ideia aterroriza-me, saber que a idade da Terra ou mesmo do próprio Universo, neste momento, é insignificante quando comparado aos anos que ainda haviam de vir, se de anos poderíamos falar para uma escala tão imensa que nem conseguimos conceber por muito que a formalizemos. Como podemos falar de tempo, quando a eternidade rouba qualquer sentido à passagem do mesmo? Um dos meus colegas é simpatizante com essa noção e de boa vontade embarcaria nessa viagem. Para ele a vida não faz sentido, se eventualmente vamos ser devolvidos à terra e deixarmos de existir. Eu acredito que é este ciclo que concede importância e valor a tudo o que aqui atingimos e experimentamos, que nos impede de cair na letargia e que devemos agradecer por cada novo dia que nos permite apreciar o que nos rodeia. Amar o mundo e aprender com tudo aquilo que nos oferece. Para quando o véu negro repousar sobre o nosso corpo, deixarmos-nos abraçar sem medo.



"(...) Morte é o fim da vida, e toda a gente teme isso, só a Morte é temida pela Vida, e as duas reflectem-se em cada uma (...)"

Oscar Wilde


The Garden of Proserpine

(...)
From too much love of living,
From hope and fear set free,
We thank with brief thanksgiving
Whatever gods may be That no life lives for ever;

That dead men rise up never;
That even the weariest river
Winds somewhere safe to sea.
(...)

Fonte